Do virtual ao real : comparações entre as experiências de estágio curricular supervisionado nas modalidades remoto e presencial

Abstract

A pandemia trouxe uma série de implicações em diversos âmbitos da vida em sociedade, principalmente na educação. A metodologia adotada para manter as atividades de ensino foi o Ensino Remoto Emergencial (ERE), o qual impactou diretamente as relações de ensino-aprendizagem. Este estudo tem o objetivo de traçar comparativos entre as experiências de estágio curricular supervisionado nas modalidades remota e presencial. Trata-se de um desenho com delineamento misto com estratégia de triangulação concomitante. Os participantes foram 19 estudantes do Curso de Educação Física (Licenciatura) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul que vivenciaram a disciplina de estágio na modalidade remota e presencial. Os participantes responderam a um questionário com perguntas abertas e fechadas que englobavam questões relacionadas à interação com os colegas de estágio, com o corpo docente e com os estudantes da escola; pontos positivos e negativos; e aproveitamento da disciplina. Os resultados apontam que a interação na docência compartilhada foi benéfica em ambas as modalidades, principalmente em relação ao suporte emocional. A interação com o corpo docente apresentou muitas dificuldades durante a experiência remota, prejudicando a aproximação com o campo de atuação e a troca de experiências. A baixa assiduidade nas aulas síncronas, o pouco retorno nas atividades assíncronas e até mesmo a inexistência da devolutiva das tarefas foram elementos comuns na interação com os estudantes na modalidade remota. Somente a experiência de estágio presencial oportunizou a criação de vínculos afetivos com a turma. Os pontos positivos da experiência no ERE foi um maior aprofundamento sobre teorias de ensino e planejamento. Por sua vez, a experiência prática e as vivências no ambiente escolar foram os elementos mais citados nas experiências de estágio presencial. Quanto aos pontos negativos, a ausência da experiência prática no estágio remoto foi o ponto que gerou maior frustração para os estagiários. Já no estágio presencial, as questões de ordem logística foram ressaltadas como pontos que foram insuficientes. Por fim, o estágio durante o ERE foi evidenciado como uma experiência menos proveitosa quando comparada ao estágio presencial.

The pandemic brought a series of implications in different areas of life in society, especially in education. The methodology adopted to maintain teaching activities was Emergency Remote Teaching (ERE), which directly impacted teaching-learning relationships. This study aims to draw comparisons between supervised curricular internship experiences in remote and face-to-face modalities. It is a mixed design with a concomitant triangulation strategy. The participants were 19 students of the Physical Education Course (Licenciatura) at the Federal University of Rio Grande do Sul who experienced the internship discipline in remote and face-to-face modality. The participants answered a questionnaire with open and closed questions that included questions related to the interaction with the internship colleagues, with the faculty and with the students of the school; positive and negative points; use of the discipline. The results indicate that the interaction in shared teaching was beneficial in both modalities, especially in relation to emotional support. The interaction with the teaching staff presented many difficulties during the remote experience, hindering the approximation with the field of action and the exchange of experiences. Low attendance in synchronous classes, little return on asynchronous activities and even the lack of feedback on tasks were common elements in interaction with students in the remote modality. Only the face-to-face internship experience enabled the creation of affective bonds with the group. The positive points of the experience at ERE was a greater deepening of teaching and planning theories. In turn, practical experience and experiences in the school environment were the most cited elements in the face-to- face internship experiences. As for the negative points, the absence of practical experience in the remote internship was the point that generated the most frustration for the interns. In the face-to-face internship, logistical issues were highlighted as points that left something to be desired. Finally, the supervised internship during the ERE was evidenced as a less profitable experience when compared to the face-to- face internship.