Análise construtivista da estagnação da Alba-TCP no pós-novo regionalismo

Abstract

As relações internacionais têm passado ao longo das últimas décadas por uma intensificação dos processos de integração regional no mundo todo, ao ponto em que se torna impossível negar que as organizações que institucionalizam, coordenam e promovem este fenômeno possuem um peso – subjetivo ou não – tão relevante nos fóruns multilaterais quanto os próprios Estados soberanos. O presente trabalho tem por objetivo analisar a relação entre uma destas organizações, mais especificamente a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América — Tratado de Comércio dos Povos, e a estagnação do seu desenvolvimento alguns anos após a sua criação dentro de um contexto temporal de propostas de integração conhecido como pós-novo regionalismo, que surgiu a partir dos anos 2000. A escolha do tema está de acordo com os questionamentos acadêmicos e políticos mais recentes sobre a desaceleração de diversas iniciativas de integração na América Latina e Caribe, pois há dúvidas generalizadas acerca da possibilidade de a região ser capaz ou não de superar uma aparente onda crescente de falta de credibilidade em uma espécie de união continental mais profunda ou se isso decorre de o sistema internacional estar em plena transição para um novo período de colaborações e incorporações intergovernamentais. Para tal, elaborou-se um problema de pesquisa que tem por objetivo verificar se a causa específica do estacionamento da ALBA-TCP, de característica socialista e anti-imperialista, está de alguma maneira ligada aos resquícios ainda existentes de uma fase anterior, chamada de novo regionalismo, que se expandiu a partir da década de 1990 e que promovia um tipo de integração neoliberal. Assim, realiza-se uma conceituação desses termos para possibilitar a construção de uma linha do tempo em que se observa todas as etapas dos diferentes tipos de regionalismos, bem como seus principais elementos. Após este recorte histórico e descritivo, o trabalho aplica a teoria construtivista para analisar o quanto a hipótese de que a política econômica global do laissez-faire foi a principal responsável por minar os propósitos da organização.

Over the last few decades, international relations have undergone an intensification of regional integration processes around the world, to the point where it has become impossible to deny that the organizations that institutionalize, coordinate and promote these characteristics have a weight – subjective or not – as relevant in multilateral forums as the sovereign states themselves. The present work aims to analyze the relationship between one of these organizations, more specifically the Bolivarian Alliance for the Peoples of Our America — Peoples' Trade Treaty, and the stagnation of its development a few years after its creation within a temporal context of integration proposals known as post-new regionalism, which emerged from the 2000s onwards. The choice of the subject is in line with the most recent academic and political questions about the slowdown of various integration initiatives in Latin America and the Caribbean, as there are widespread doubts about whether the region is capable or not of overcoming an apparent growing wave of lack of trust in a kind of deeper continental union or whether this is a result of the international system being in full transition to a new period of intergovernamental collaborations and incorporations. That being said, a research problem was developed that aims to verify whether the specific cause of the ALBA-TCP paralisation, which has a socialist and anti-imperialist characteristic, is somehow linked to the still existing remnants of a previous phase, called new regionalism, which expanded from the 1990s onwards and promoted a type of neoliberal integration. Thus, a conceptualization of these terms is carried out to enable the construction of a timeline in which all stages of the different types of regionalisms are observed, as well as their main elements. After this historical and descriptive outline, the work applies the constructivist theory to analyze how much the hypothesis that a laissez-faire global economic policy was mainly responsible for undermining the organization's purposes.