Uma cerca é uma cerca : o processo de cercamento da Comunidade Quilombola Vila Nova em São José do Norte/RS por grandes projetos de desenvolvimento

Abstract

A presente pesquisa busca tensionar o desenvolvimentismo como elemento posto e intocável da modernidade, como sistema capaz de gerar uma série de desigualdades socioambientais que ficam em segundo plano. Nessa linha, busca-se abordar o neoextrativismo latino-americano e suas consequências em territórios de povos e comunidades tradicionais, especificamente, no território do quilombo Vila Nova, localizado em São José do Norte, no distrito de Capão do Meio. O quilombo Vila Nova está localizado na metade-sul gaúcha, taxada por ser uma região “pouco desenvolvida” que atrai grandes projetos de desenvolvimento. A pesquisa tem como objetivo analisar o processo de cercamento da comunidade quilombola Vila Nova ocasionado por grandes projetos de desenvolvimento energéticos e agroextrativistas, bem como as disputas territoriais emergentes. A comunidade está sendo cercada por três empreendimentos que já se encontram em fase de licenciamento ambiental, e demais empreendimentos que estão sendo planejados para o território sem a participação quilombola. A metodologia utilizada foi a pesquisa-ação, sob a perspectiva da cartografia social, co-participativa e contracolonial e da antropologia por demanda. Dessa forma, buscou-se mapear os grandes projetos de desenvolvimento, transpondo-os com o território do quilombo Vila Nova, que vem sendo invisibilizado pelos órgãos estatais e empreendedores, a fim de visibilizar o território e questionar a omissão do quilombo nos estudos de impacto ambiental. Além disso, procurou-se levantar as possibilidades de impactos sinérgicos e cumulativos entre os empreendimentos em questão, que também disputam território entre si, e participam de uma corrida pelo licenciamento. Os impactos que constam nos EIAs também foram levantados e discutidos com a comunidade quilombola, assim como foi levantado o direito assegurado pela Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho aos territórios tradicionais, que vem sendo violado no contexto do quilombo Vila Nova. Por fim, buscou-se compreender as possibilidades de alternativas ao desenvolvimento no âmbito das reexistências quilombolas, não apenas na perspectiva de luta e enfrentamento direto, mas também na sua própria reprodução sociocultural e na paz quilombola. Espera-se que os resultados contribuam com a disputa territorial e agilizem os processos de demarcação do território quilombola de Vila Nova, que corre riscos de expropriação através dos empreendimentos que ameaçam e assediam a comunidade.

Esta investigación busca criticar el desarrollismo como un elemento establecido e intocable de la modernidad, como un sistema capaz de generar una serie de desigualdades socioambientales que permanecen en un segundo plano. En esa línea, buscamos abordar el neoextractivismo latinoamericano y sus consecuencias en territorios de pueblos y comunidades tradicionales, específicamente, en el territorio del quilombo Vila Nova, ubicado en São José do Norte, en el distrito de Capão do Meio. quilombo Vila Nova está ubicado en la mitad sur de Rio Grande do Sul, calificada como una región “subdesarrollada” que atrae grandes proyectos de desarrollo. La investigación tiene como objetivo analizar el proceso de cercamiento de la comunidad quilombola de Vila Nova provocado por los grandes proyectos de desarrollo energético y agroextractivo, así como las disputas territoriales emergentes. La comunidad está siendo rodeada por tres emprendimientos que ya están en la fase de licenciamiento ambiental, y otros emprendimientos que se están planificando para el territorio sin participación quilombola. La metodología utilizada fue la investigación-acción, desde la perspectiva de la cartografía social, coparticipativa y contracolonial y la antropología por demanda. De esta forma, se intentó mapear los grandes proyectos de desarrollo, transponiéndolos con el territorio del quilombo Vila Nova, invisibilizado por agencias estatales y empresarios, a fin de visibilizar el territorio y cuestionar la omisión del quilombo en estudios de impacto ambiental. Además, se trató de delinear las posibilidades de impactos sinérgicos y acumulativos entre los emprendimientos en cuestión, que también compiten por territorio entre sí, y participan en una carrera por licencias. Los impactos contenidos en los EIA también fueron planteados y discutidos con la comunidad quilombola, así como el derecho garantizado por el Convenio No. 169 de la Organización Internacional del Trabajo a los territorios tradicionales, que ha sido vulnerado en el contexto del quilombo Vila Nova. Finalmente, buscamos comprender las posibilidades de las alternativas al desarrollo en el ámbito de las reexistencias quilombolas, no sólo en la perspectiva de la lucha y el enfrentamiento directo, sino también en su propia reproducción sociocultural y en la paz quilombola. Se espera que los resultados contribuyan a la disputa territorial y aceleren los procesos de demarcación del territorio quilombola de Vila Nova, que está en riesgo de expropiación a través de emprendimientos que amenazan y hostigan a la comunidad.