Respostas ecofisiólogicas de plântulas do pinheiro brasileiro (Araucaria angustifolia [Bert.] O. Ktze.) a diferentes níveis de irradiância

Abstract

O pinheiro brasileiro é uma conífera nativa da região meridional da América do Sul de ampla distribuição nos três Estados do sul do Brasil. Além de apresentar grande importância ecológica nas formações em que ocorre, esta espécie também possui uma potencialidade econômica acentuada, o que justifica a busca de conhecimento a seu respeito. Grande parte da literatura classifica o pinheiro brasileiro como uma espécie pioneira e heliófila, apesar de algumas de suas características estruturais e fisiológicas contrariarem tal classificação. O objetivo do presente trabalho foi observar as respostas ecofisiológicas do pinheiro brasileiro frente a diferentes níveis de irradiância. Foram cultivadas 45 plântulas, em vasos, sob três níveis de irradiância: 100, 45 e 10% da radiação solar total. Após 5 meses de cultivo, foram analisados diferentes parâmetros de crescimento (altura da parte aérea, biomassa e alocação de biomassa), o conteúdo de clorofilas nas folhas e a atividade in vivo das enzimas nitrato redutases, em folhas e raízes. Quando comparadas às plântulas não sombreadas, observou-se uma redução da biomassa total nas plântulas submetidas a sombreamento; apesar disso, estas não alocaram mais biomassa para a parte aérea, contrariando os resultados de outros trabalhos. Somente as plântulas submetidas a sombreamento severo (10% da irradiância total) apresentaram aumento significativo em área foliar específica, bem como na razão entre altura final e biomassa da parte aérea, indicando o seu estiolamento. Os conteúdos de clorofila a, b e total, assim como a razão entre o conteúdo de clorofila a e b, não variaram entre os tratamentos. A atividade das nitrato redutases foi detectada somente nas raízes, tendo havido uma redução significativa da atividade destas enzimas em plântulas severamente sombreadas. A análise conjunta dos resultados indica que plântulas de pinheiro brasileiro moderadamente sombreadas podem estabelecer-se normalmente, ao menos em seus estágios iniciais de desenvolvimento. Estes resultados, aliados a outras características da espécie relatadas na literatura, contrariam a classificação proposta por alguns autores. Com base nisto, sugere-se que Araucaria angustifolia constitui, em suas formações mais puras, ou seja, onde o clima o favorece, uma espécie clímax. Nas áreas onde o clima é mais ameno, a espécie estaria sendo substituída por outras mais competitivas.

Brazilian pine is an indigenous conifer in the meridional region of South America, with large distribution in the southern states of Brazil. Studies focusing on this species are of great relevance because, besides its large ecological importance in the plant communities where it occurs, this species shows a pronounced economic potential. Most of the literature regards brazilian pine as a pioneer and heliophytic species, although some of its structural and physiological characteristics do not support this classification. The purpose of this work was to observe the ecophysiological responses of brazilian pine seedlings exposed to three irradiance levels. Forty five seedlings were cultivated in pots under three irradiance levels: 100, 45 e 10% of full sun. After 5 months, different growth parameters (shoot height, biomass and biomass allocation), chlorophyll content of leaves and in vivo nitrate reductase activity, both in leaves and roots, were analyzed. We found a reduction in total biomass of shaded seedlings when compared to unshaded controls. However, there was no increase in shoot biomass allocation, contrasting to the results from other shading experiments. Only severely shaded seedlings (10% full sun) showed significant increase in specific leaf area, as well as in height to shoot biomass ratio, suggesting an etiolation response. Chlorophvll content (total. a and b) and chloronhvll ab ratio did not vary among treatments. Nitrate reductase activity was detected only in roots and a significant reduction in enzymatic activity occurred in severely shaded seedlings. An overall analysis of the results points to a normal growth of brazilian pine seedlings at moderate-shade sites, at least on its initial stages of development. These results, together with other characteristics of this species, are in conflict with the classification proposed by several authors. Thus, is suggested here that Araucaria angustifolia is a climax species, at its more pure formations, that is, where climate favours its dominance. In sites where the climate is milder, the species would tend to be replaced by more competitive ones.