Percepção e atitudes dos cirurgiões-dentistas sobre o atendimento odontológico de pacientes com deficiência intelectual

Abstract

A abordagem odontológica do paciente com deficiência intelectual (DI) requer muita determinação e conhecimento do cirurgião dentista. Cada um desses pacientes deve ser submetido aos tratamentos odontológicos de maneira correta para, assim, evitar transtornos no nível ambulatorial. Mesmo diante dessa realidade, o tratamento odontológico para pacientes com deficiência intelectual ainda é um desafio para os cirurgiões-dentistas, sendo poucos os profissionais capacitados e dispostos a atendê-los. O objetivo da presente dissertação foi avaliar a percepção e as atitudes de cirurgiões-dentistas sobre o atendimento odontológico de pacientes com DI. Participaram deste estudo 52 cirurgiões-dentistas com atuação profissional na região metropolitana de Porto Alegre, RS Os participantes responderam a um questionário online (Google Forms), aplicado de forma remota, contendo questões referentes aos seus dados pessoais e profissionais, e sobre suas percepções e atitudes quanto ao atendimento de pacientes com DI. Foram analisados também o perfil socioeconômico, formação acadêmica e informações relacionadas ao exercício da profissão. Verificou-se que a maioria da amostra era composta por profissionais do sexo feminino, de cor branca, com renda familiar entre R$ 10.000,00 a R$ 20.000,00 e graduada em universidade pública. A maioria não cursou em sua graduação ou pós-graduação, disciplinas relacionadas ao atendimento de pessoas com deficiência intelectual. Grande parte dos participantes cursou pós-graduação, sendo poucos aqueles que se especializaram em Odontologia para pacientes com necessidades especiais (OPNE). A maioria considera ter pouco ou nenhum conhecimento sobre atendimento a pessoas com deficiência intelectual, demonstrando um interesse regular em atender esta população. Sobre a percepção dos participantes, muitos se sentiam satisfeitos com sua atuação profissional, entretanto não se sentiam seguros para realizar adequadamente os atendimentos para indivíduos com DI, encaminhando estes pacientes para centros de referência em OPNE. A partir dos resultados obtidos neste estudo conclui-se que os cirurgiões-dentistas necessitam de mais informações, capacitação e incentivo para o atendimento a indivíduos com deficiência intelectual. Ações que incluam disciplinas relacionadas a OPNE nos currículos dos cursos de graduação em Odontologia poderiam contribuir para o melhor preparo destes profissionais para o atendimento odontológico de indivíduos com deficiência intelectual.

The dental approach of the patient with intellectual disability (ID) requires a lot of determination and knowledge from the dental surgeon. Each of these patients must be submitted to dental treatments in a correct way to avoid disorders at the outpatient level. Even in the face of this reality, dental treatment for patients with intellectual disabilities is still a challenge for dentists, with few professionals trained and willing to assist them. The objective of the present dissertation was to evaluate the perception and attitudes of dentists about dental care for patients with ID. Fifty-two dentists with professional practice in the metropolitan region of Porto Alegre, RS participated in this study. Participants answered an online questionnaire (Google Forms), applied remotely, containing questions regarding their personal and professional data, and about their perceptions and attitudes towards the care of patients with ID. The socioeconomic profile, academic background and information related to the exercise of the profession were also analyzed. It was found that most of the sample was composed of female professionals, white, with high family income and graduated from a public university. Most did not attend, in their undergraduate or graduate courses, subjects related to the care of people with intellectual disabilities. Most of the participants attended postgraduate studies, with few specializing in Dentistry for Patients with Special Needs (DPSN). Most consider having little or no knowledge about care for people with intellectual disabilities, showing a regular interest in serving this population. Regarding the participants' perception, many felt satisfied with their professional performance, however they did not feel confident to adequately perform care for individuals with ID, referring these patients to DPSN reference centers. Based on the results obtained in this study, it can be concluded that dentists need more information, training and incentives to provide care to individuals with intellectual disabilities. Actions that include subjects related to DPSN in the curricula of undergraduate courses in Dentistry could contribute to better preparation of these professionals for dental care for individuals with intellectual disabilities.