Recusa ao culto : assimilação colonial e religiosidade nas obras País Sem Chapéu e O Sétimo Juramento

Abstract

Diante do sentido colonial e das consequências impostas aos sujeitos que foram submetidos a esse sistema de exploração e violência, emerge a necessidade de avaliar o impacto deixado por anos de usurpação social e econômica. Para além do domínio territorial, o colonialismo fez uso de missões de diferentes doutrinas religiosas para violar culturas, catequizar e privar os nativos de seus costumes. Nesse contexto, esta tese tem como objetivo geral analisar as representações coletivas manifestadas nas obras O sétimo Juramento (2008), de Paulina Chiziane, e País sem chapéu (2011), de Dany Laferrière, no contexto pós- -colonial dos territórios moçambicano e haitiano, enfatizando o espólio colonial imposto aos autóctones, através das práticas assimilacionistas, e seus efeitos contínuos na formação social, a fim de revelar o sincretismo religioso enfrentado pelos povos colonizados, expondo o estranhamento perante as religiões nativas, devido à influência/assimilação cristã que lhes foi imposta. Por meio do estudo da interlocução entre literatura e história, no âmbito do romance, a fim de analisar como a religião tornou-se um importante recurso da proposta assimilacionista adotada durante a colonização, nortear-se-á pela análise teórico-crítica das narrativas. Sendo inevitável ater-se a possíveis lacunas que foram deixadas, no decorrer dos anos, na narrativa colonial sobre os povos nativos, a partir do fator representativo das obras literárias, este estudo contribui para trazer à tona omissões históricas e revela o impacto causado pelo projeto assimilacionista e pela doutrina cristã, no modo de vida das pessoas que vivem nos territórios que um dia foram colônia, até os dias de hoje.

Considering the colonial meaning and the consequences imposed on persons who were subjected to this system of exploitation and violence, the need to assess the impact left by years of social and economic usurpation emerges. In addition to territorial domination, colonialism made use of missions of different religious doctrines to violate cultures, catechize and deprive indigenous people of their customs. The general objective of this research is to analyse the collective representations manifested in the works O sétimo juramento (2008) by Paulina Chiziane and País sem chapéu (2011) by Dany Laferrière, in the post-colonial context of Mozambican and Haitian territories. Emphasizing the colonial spoils imposed on indigenous people, through assimilationist practices, and their continuous effects on social formation. In order to reveal the religious syncretism faced by the colonized peoples, reproduced in the works, exposing the estrangement before the native religions, due to the Christian influence/assimilation that was imposed on them. The purpose of Christianity in the colonial action will be evidenced as a way of repression. Through the study of the dialogue between literature and history, within the scope of the novel, a theoretical-critical analysis of the narratives will guide this work, in order to understand how religion became an important resource of the assimilationist proposal adopted during colonization. Sticking to possible gaps that were left, over the years, in the colonial narrative about native peoples, based on the representative factor of literary works, contributing to bring up historical omissions is inevitable. This study reveals the impact caused by the assimilationist project and the Christian doctrine, in people’s the way of life, who live in territories that were once a colony, until today.