Capitalismo e vigilância digital : uma revisão da literatura crítica

Abstract

O presente trabalho investiga a relação entre vigilância e capitalismo, com maior foco analítico nas práticas exercidas a partir da Era Digital. A vigilância é entendida como um conjunto de métodos sistemáticos de observação, monitoramento, registro e processamento do comportamento de indivíduos, grupos e organizações, frequentemente com o objetivo de controlar ou influenciar essa conduta. Tais operações, quando associadas à supervisão direta e, principalmente à coleta estratégica de informações, estiveram presentes na transição para a modernidade, na consolidação do capitalismo e na composição do aparato administrativo, burocrático e securitário do Estado-nação. Considerando esses aspectos, esta monografia teve como objetivo principal analisar o estado e a evolução da literatura crítica sobre a ligação entre capitalismo e vigilância. Como objetivos secundários, também foram investigados o desenvolvimento histórico da vigilância, a sua evolução com o surgimento das novas tecnologias, e as características do campo de estudos sobre vigilância. Para isso, foi adotado o método hermenêutico, baseado em técnicas de pesquisa de revisão bibliográfica. A pesquisa partiu de uma hipótese preliminar de que a literatura crítica estabelece uma relação predominantemente pessimista sobre as relações entre capitalismo, tecnologia e vigilância. Em linhas gerais, concluiu-se que a literatura analisada compreende a vigilância de forma potencializada pela Era Digital, baseada em um conjunto de práticas focadas na busca por padrões de comportamento passíveis de instrumentalização, apoiada por um complexo industrial público-privado e caracterizada pela alienação dos indivíduos vigiados. Em relação à hipótese preliminar, pôde-se constatar, na realidade, que a literatura procura se mostrar combativa à vigilância repressiva e acredita na possibilidade de uma relação de empoderamento entre indivíduos e tecnologia como resposta.

This study investigates the relationship between surveillance and capitalism, with a particular focus on the practices exercised in the Digital Age. Surveillance is understood as a set of systematic methods for observing, monitoring, recording, and processing the behavior of individuals, groups, and organizations, often with the goal of controlling or influencing their conduct. Such operations, when associated with direct supervision and, especially, strategic information collection, have been present in the transition to modernity, the consolidation of capitalism, and the composition of the administrative, bureaucratic, and security apparatus of the nation-state. Considering these aspects, the main objective of this monograph was to analyze the state and evolution of critical literature on the link between capitalism and surveillance. As secondary objectives, the historical development of surveillance, its evolution with the emergence of new technologies, and the characteristics of the surveillance studies field were also investigated. To this end, the hermeneutic method was adopted, based on techniques of literature review research. The research started with a preliminary hypothesis that critical literature establishes a predominantly pessimistic relationship between capitalism, technology, and surveillance. In general terms, it was concluded that the analyzed literature understands surveillance as potentiated by the Digital Age, based on a set of practices focused on the search for behavior patterns susceptible to instrumentalization, supported by a public-private industrial complex, and characterized by the alienation of monitored individuals. Regarding the preliminary hypothesis, it was found, in reality, that the literature seeks to be combative against repressive surveillance and believes in the possibility of an empowerment relationship between individuals and technology as a response.