Desenvolvimento e gênero : análise comparada da participação política feminina em Cuba e Haiti a partir da abordagem das capacitações

Abstract

Este trabalho objetiva analisar a participação política feminina em Cuba e Haiti, no período de 1948 a 2022, a partir da abordagem das capacitações. A escolha destes países se deu em função de que Cuba e Haiti apresentavam, respectivamente, a maior e a menor porcentagem de mulheres no parlamento dentre os países do continente latino-americano em 2019. A metodologia utilizada consistiu na revisão de literatura e no estudo comparado. A comparação parte do reconhecimento de que os países compartilham similaridades históricas e geográficas e busca, nesse sentido, compreender as razões pelas quais a proporção de mulheres no parlamento é tão divergente. Especificamente, este trabalho busca elucidar como a lista de Capacitações Centrais desenvolvida por Martha Nussbaum pode explicar a situação da participação política feminina em Cuba e Haiti. Dessa forma, pretende-se avaliar se existe uma correlação entre a capacitação relativa à participação das mulheres na política e outras capacitações da lista, nomeadamente aquelas que dizem respeito à saúde, à educação e às normas sociais. A partir do estudo comparado, foi possível estabelecer uma correlação entre o nível de participação política feminina no parlamento e a situação do acesso à saúde e à educação nos casos de Cuba e Haiti. No que tange às normas sociais, foi possível perceber que as normas tradicionais de gênero estão presentes e constituem impasses significativos à participação das mulheres tanto em Cuba quanto no Haiti. De maneira geral, depreende-se que a abordagem das capacitações – e, especificamente, a lista das Capacitações Centrais –, a partir de sua multidimensionalidade, permitiu uma compreensão mais aprofundada da relação entre desenvolvimento e gênero, particularmente no que se refere à participação das mulheres na política, nos dois países analisados.

Este trabajo tiene como objetivo analizar la participación política femenina en Cuba y en Haití, en el período de 1948 hasta 2022, a partir del enfoque de capacidades. La elección de estos países se dio en función de que Cuba y Haití presentaban, respectivamente, el más alto y el más bajo porcentaje de mujeres en el parlamento entre los países latinoamericanos en 2019. La metodología utilizada consistió en la revisión de literatura y en el estudio comparado. La comparación parte del reconocimiento de que los países comparten similitudes históricas y geográficas, y busca, en ese sentido, comprender las razones por las cuales el porcentaje de mujeres en el parlamento es tan divergente. Específicamente, este trabajo busca elucidar la manera como la lista de Capacidades Centrales, desarrollada por Martha Nussbaum, puede explicar la situación de la participación política femenina en Cuba y en Haití. De este modo, se pretende evaluar si existe una correlación entre la participación de las mujeres en la política y otras capacidades de la lista, específicamente aquellas relativas a la salud, a la educación y a las normas sociales. A partir del análisis comparativo, fue posible establecer una correlación entre el nivel de participación política femenina en el parlamento y la situación del acceso a la salud y a la educación en los casos de Cuba y Haití. En lo que atañe a las normas sociales, se percibió que las normas tradicionales de género están presentes y constituyen impases significativos a la participación de las mujeres en Cuba como en Haití. De manera general, se concluye que el enfoque de capacidades – y específicamente, la lista de Capacidades Centrales – a partir de su multidimensionalidad, permitió una comprensión más agrandada de la relación entre desarrollo y género, en particular en lo que se refiere a la participación de las mujeres en la política, en los países analizados.