Processos cognitivos em indivíduos com esquizofrenia da América Latina : investigação de fatores demográficos, sociais e clínicos

Abstract

Contexto: A população da América Latina é uma das mais diversas do mundo pela mistura de diferentes grupos étnicos. No entanto, enfrenta desafios únicos provenientes da violência e da desigualdade. Não existem estudos em larga escala descrevendo as características dessa população e os possíveis impactos do meio nos desfechos da esquizofrenia. Portanto, nosso objetivo é descrever o desempenho cognitivo de uma amostra representativa de indivíduos latino-americanos com esquizofrenia e sua relação com fatores funcionais e clínicos. Além disso, nosso objetivo é analisar como os fatores socioeconômicos se relacionam com o desempenho cognitivo em pacientes e controles. Métodos: Foram incluídos 1125 participantes de 5 países da América Latina (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México): 814 indivíduos com esquizofrenia e 311 controles saudáveis. Todos os participantes fizeram parte de projetos de pesquisa que incluíam avaliação cognitiva pela MCCB e avaliações clínicas. Resultados: Os pacientes apresentaram pior desempenho cognitivo comparados aos controles, que foram generalizados entre os domínios. A idade e o diagnóstico foram preditores independentes, indicando trajetórias semelhantes de envelhecimento cognitivo para pacientes e controles. A educação teve um papel significativo na melhor cognição dos pacientes, que também foi influenciada pela sintomatologia dos indivíduos. Os fatores sociais de renda e escolaridade dos pais foram mais relacionados a maiores comprometimentos cognitivos em pacientes do que em controles. Conclusões: Os pacientes não mostraram evidências de envelhecimento cognitivo acelerado; no entanto, eles foram mais afetados por um ambiente desfavorecido do que os controles. Esse achado pode indicar uma vulnerabilidade de indivíduos com psicose que poderia levar os pacientes a serem mais impactados pela exposição crônica a fatores sociais.

Background: Latin America’s population is one of the most diverse in the world because of its mix of ancestries and ethnic groups. However, it faces unique challenges derived from violence and inequality. There are no large-scale studies describing the characteristics of this population and possible impacts of the environment to disease outcomes. Therefore, our aim is to describe the cognitive performance of a representative sample of Latin American individuals with schizophrenia and its relationship to functional and clinical factors. Additionally, we aim to analyze how socioeconomic factors relate to cognitive performance in patients and controls. Methods: We included 1125 participants from 5 Latin American countries (Argentina, Brazil, Chile, Colombia, and Mexico): 814 individuals with schizophrenia and 311 unaffected subjects. All participants were part of research projects that included cognitive evaluation with MCCB and clinical assessments. Results: Patients had worse cognitive performance than controls, which was generalized across domains. Age and diagnosis were independent predictors, indicating similar trajectories of cognitive aging for both patients and controls. Education played a significant role in better cognition in patients, which was also influenced by individuals' symptomatology. The social factors of income and parental education were more related to cognitive impairments in patients than in controls. Conclusions: Patients did not show evidence of accelerated cognitive aging; however, they were most impacted by a deprived environment than controls. This finding might indicate a vulnerability of individuals with psychosis that could prompt patients to be more impacted by chronic exposure to social factors.