Redes sociais de apoio de pessoas vivendo com HIV/AIDS em Bissau

Abstract

A identificação de redes sociais e de recursos de ajuda comunitários podem ser integrados como parte do tratamento a longo prazo de pessoas vivendo com HIV/Aids. O presente trabalho tem como objetivo compreender e caracterizar a configuração das redes sociais de apoio, primárias e secundárias, de pessoas vivendo com HIV/Aids em Bissau, Guiné Bissau. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, do tipo exploratório, realizado no Centro de Tratamento Ambulatorial do Hospital Nacional Simão Mendes. Os/as participantes do estudo eram pessoas em tratamento do HIV/Aids no HNSM. Os critérios de inclusão adotados foram: ser guineense, residir em Bissau, ter domínio da língua portuguesa ou crioula e ter idade igual ou superior a 18 anos. O critério de exclusão: apresentar algum comprometimento psíquico e/ou de comunicação que impossibilite responder às perguntas propostas. O quantitativo dos(as) participantes foi de 16 pessoas, definido por amostragem intencional, buscando compor com a heterogeneidade cultural, étnica e religiosa de Bissau. A coleta de dados ocorreu por entrevista semiestruturada. As redes foram demonstradas em mapa de Rousseau, utilizando como referencial teórico-metodológico para a análise a autora Lia Sanicola. Através da análise das dimensões estrutura, dinâmica e função, observa-se que todos os entrevistados possuíam uma rede primária mais numerosa que a secundária. O HIV/Aids mostrou ter impacto sobre a dinâmica das redes, sendo esta relacionada ao apoio recebido, incluindo o apoio às necessidades específicas da soropositividade. Nas redes secundárias, foi constatada a presença de redes formais, informais; também de mercado e terceiro setor. Conclui-se, assim, que a configuração das redes das PVHA em Bissau demonstrou lacunas no apoio ofertado, e a necessidade de fortalecimento das redes secundárias formais por parte de políticas e estratégias de saúde do país.