Profissão farmacêutica na atenção básica em saúde territórios possíveis

Abstract

A industrialização do setor farmacêutico demandou a busca por novos territórios para a profissão farmacêutica. O paradigma profissional e o papel social da profissão tem sido intensamente discutidos nas últimas décadas. Uma discussão sobre território, fazendo uso do acúmulo teórico da geografia, é necessária para pensar a atuação profissional no contexto da atenção à saúde da população. OBJETIVOS: compreender o(s) território(s) da profissão farmacêutica na Atenção Básica em Saúde, abrangendo a relação do profissional farmacêutico com a farmácia pública, unidade de saúde, rede de atenção à saúde (RAS) e setores além da saúde. MÉTODOS: foram realizadas entrevistas com farmacêuticos alocados nas farmácias públicas do município de Porto Alegre. As mesmas foram transcritas e analisadas por meio de análise temática de conteúdo. Na sequência, com base em revisão de literatura, foi desenvolvido um ensaio com a construção teórica relacionada. RESULTADOS: na construção do artigo, treze farmacêuticos foram entrevistados. As categorias temáticas elaboradas foram: território aprisionante, território distante, território desconhecido e território inexplorado. Os discursos evidenciaram a atuação predominante do profissional como responsável pela gestão dos serviços farmacêuticos. A análise dos discursos sugere que a atuação profissional é dependente de recursos humanos e materiais adequados e prioridade de políticas de gestão voltadas a área da assistência farmacêutica. O ensaio original faz um resgate histórico de forma a correlacionar o fazer da profissão farmacêutica com as políticas de educação e saúde no Brasil. CONSIDERAÇÕES FINAIS: os territórios ocupados pela profissão farmacêutica, no contexto analisado, são pouco alinhados com às necessidades da sociedade. Para se aproximar da atenção básica em saúde e da RAS, atuando como profissional da saúde e contribuindo para o uso racional de medicamentos, novas territorialidades são necessárias.

The pharmaceutical industrialization demanded the pursuit for new territories to the pharmaceutical profession. The professional paradigm and the profession’s social role have been intensely discussed in the last decades. A discussion about territory, aggregating geography solid framework, is necessary to conceive the professional acting in the context of population’s health care. OBJECTIVES: to understand the pharmaceutical profession’s territory in the Brazilian Primary Health Care, encompassing pharmacist relationship with the public pharmacy, health unit, health care network and sectors beyond health. METHODS: interviews were performed with pharmacist allocated in public pharmacies in the city of Porto Alegre, state of Rio Grande do Sul, Brazil. They were transcribed and analyzed through thematic content analysis. Afterwards, based on literature review, an essay was developed with the related theoretical framework. RESULTS: in the development of the article, thirteen pharmacists were interviewed. The thematic categories formulated were: imprisoning territory, distant territory, unknown territory and uncharted territory. The discourses shown the professional prevailing function as responsible for the management of pharmaceutical services. The discourse analysis suggests that the professional acting depends upon adequate human and material resources and upon administration’s political priorities aimed at pharmaceutical assistance. The original essay does a historical review in order to correlate the pharmaceutical profession’s making with health and education policies in Brazil. CONCLUSIONS: the territories occupied by the pharmaceutical profession, in the analyzed context, are barely aligned with society’s needs. In order to reduce the distance with Brazilian primary health care and the health care network, acting as health professional and contribute to the rational use of medicines, new territorialities are needed.