Estudo sobre a ocorrência de arsênio nas águas subterrâneas do sistema aquífero Serra Geral, no município de Cerro Largo -RS

Abstract

O município de Cerro Largo, RS, tem seu abastecimento público de água realizado através de poços da Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN) e de poços da Prefeitura Municipal. Análises da água desses poços identificaram teores de arsênio acima do Valor Máximo Permitido, estipulado na Portaria Ministério da Saúde Nº 2.914/2011 (revogada e consolidada na Portaria de Consolidação Nº 5/2017), como 0,01 mg/L. O presente trabalho caracterizou a hidrogeologia da área de estudo e realizou um panorama da ocorrência de arsênio nas águas subterrâneas da região. Para isso foram realizados avaliações e caracterizações hidrogeológicas e hidroquímicas, bem como do uso e ocupação do solo por atividades agrícolas e sobre os agroquímicos utilizados. Os resultados indicaram que as águas subterrâneas da região estão associadas a aquíferos fraturados do Sistema Aquífero Serra Geral (SASG), cuja captação é feita por poços tubulares, apresentando profundidade média de 137 m, nível estático médio de 23,5 m e vazão média de 15,3 m3/h. As águas podem ser Bicarbonatadas Cálcicas ou Magnesianas, Bicarbonatadas Sódicas ou Bicarbonatadas Mistas e apresentam pH médio de 7,81 e CE de 343,3 μS/cm. Além disso, os resultados apontaram para provável mistura de águas do SASG com aquíferos sotopostos, baseado na ocorrência de estruturas favoráveis e afinidades hidroquímicas, sendo esta a hipótese mais provável para a origem do arsênio. Não foi verificada uma correlação espacial entre as áreas agrícolas e as ocorrências de arsênio, uma vez que os poços com essas concentrações anômalas localizam-se na área urbana. Porém, foi verificado que as águas subterrâneas podem sofrer influência antrópica, pois foram identificadas alterações na qualidade da água, que estão provavelmente relacionadas com as atividades agrícolas. Assim, como a atividade agrícola é muito expressiva na região, com uso intensivo de agroquímicos que contém arsênio na sua composição, a hipótese de origem do arsênio por atividades agrícolas não pode ser descartada. Recomenda-se, portanto, a realização de mais estudos acerca do tema na região.

The city of Cerro Largo, located in the northwest of Rio Grande do Sul Stare, South of Brazil, has its public water supply made by drilled wells of the State Sanitation Company and the city hall. The wells are located in fractures of volcanic rocks of the Serra Geral Aquifer System. Water analysis made by the company in these wells identified arsenic content higher than the Maximum Acceptable Value for this parameter, established as 0,01 mg/L for drinking water in the federal legislation (Health Ministry Ordinance number 2.914/2011). The present study characterized the hydrogeology and made an overview of the occurrence of arsenic in groundwater in the region. Hydrogeological and hydrogeochemical evaluations and characterization were carried out, as well as the soil use and occupation by agricultural activities and its agrochemicals. The results indicated that the region´s groundwater is associated with fractured aquifers, which are captured by tubular wells, with an average depth of 137 meters, an average static level of 23,5 m and an average flow rate of 15,3 m³/h. The waters may be Calcic or Magnesian Bicarbonate, Sodium Bicarbonate or Mixed Bicarbonate and have an average pH of 7.81 and EC of 343.3 μS / cm. In addition, the results suggest the occurrence of mixing waters of SASG with superposed aquifers, based on favorable structures and hydrochemical affinities, which is the most probable hypothesis for arsenic origin. There was no spatial correlation between agricultural areas and arsenic occurrences, since wells with these anomalous concentrations are located in the urban area. However, it was found that groundwater can be influenced by anthropic, because changes in water quality were identified, which are probably related to agricultural activities. Thus, as agricultural activity is very significant in the region, with intensive use of arsenic-containing agrochemicals in its composition, the hypothesis of arsenic origin by agricultural activities cannot be ruled out. Therefore, further studies on the subject in the region are recommended.