Avaliação prospectiva dos níveis urinários de VCAM-1 solúvel como biomarcador de nefrite em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico

Abstract

Introdução: Embora a avaliação histológica através da biópsia renal seja altamente preditiva do curso da nefrite lúpica (NL), ela não pode ser realizada repetidamente devido à sua natureza invasiva e à morbidade associada. Os biomarcadores tradicionais usados na prática clínica não são preditores acurados da classe histológica e da gravidade da NL nem são confiáveis na avaliação da resposta ao tratamento. A molécula de adesão celular vascular-1 (VCAM-1) está envolvida na progressão da lesão glomerular e tubulointersticial na NL e pode ser facilmente dosada na urina. Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar o desempenho da VCAM-1 solúvel urinária (uVCAM-1) como biomarcador de atividade de doença e de resposta ao tratamento na NL. Métodos: Este estudo prospectivo incluiu pacientes com NL classe III, IV ou V diagnosticada nos últimos três anos e os dividiu em dois grupos: com e sem nefrite ativa na inclusão. Em cada visita, uma amostra de urina foi coletada para dosagem de uVCAM-1 e o status da nefrite foi avaliado. Resultados: O nível mediano de uVCAM-1 foi elevado em pacientes com NL ativa comparado com inativa (p<0,001). A curva ROC da uVCAM-1 demonstrou uma área sob a curva de 0,84 e um ponto de corte de 47,2 ng/mgCr apresentou boa sensibilidade (74,2%) e especificidade (74,2%) para o diagnóstico de NL ativa. Houve correlação significativa entre o nível de uVCAM-1 e os escores de atividade renal e os biomarcadores tradicionais de NL. O nível de uVCAM-1 reduziu nos pacientes com NL ativa que entraram em remissão (p<0,001), aumentou nos pacientes que entraram em atividade (p=0,002) e não sofreu alterações nos pacientes que permaneceram inativos (p =0,797). O nível de uVCAM-1 atingiu seu pico durante a ativação da NL (p<0,05). Conclusão: A uVCAM-1 é um biomarcador confiável que reflete a atividade da doença renal sendo útil na monitorização de pacientes com nefrite lúpica ao longo do tempo.

Introduction: Although renal pathology is highly predictive of clinical outcomes in lupus nephritis (LN), it cannot be performed serially because of its invasive nature and associated morbidity. Traditional biomarkers used in the clinical practice are not accurate predictors of LN histological class and severity, nor are they reliable in assessing treatment response. Vascular cell adhesion molecule-1 (VCAM-1) is involved in the progression of glomerular and tubulointerstitial injury in LN and can be easily assessed in urine. Objective: The aim of this study was to assess urinary soluble VCAM-1 (uVCAM-1) as a biomarker of disease activity and treatment response in LN. Methods: This prospective study enrolled patients with class III, IV or V LN diagnosed within the last three years and divided them in two groups: with and without active nephritis at the inclusion. At each visit, a urine sample was collected for uVCAM-1 evaluation and the nephritis status was accessed. Results: Median uVCAM-1 level was elevated in patients with active compared to inactive LN (p<0.001). The ROC curve of uVCAM-1 demonstrated an AUC of 0.84 and a cutoff of 47.2 ng/mgCr yielded a good sensitivity (74.2%) and specificity (74.2%) for the diagnosis of active LN. A significant correlation was found between uVCAM-1 level and renal activity scores and traditional biomarkers of LN. The level of uVCAM-1 dropped in patients with active LN who went into remission (p<0.001), increased in patients who went into activity (p=0.002) and did not change in patients who remained inactive (p=0.797). The level of uVCAM-1 peaked during the flare of LN (p<0.05). Conclusion: The uVCAM-1 is a reliable biomarker that reflects renal disease activity and is useful for monitoring individual patients with lupus nephritis over time.