Agricultura, alimentação e desenvolvimento rural : uma análise institucional comparativa de Brasil e China
dc.contributor.advisor | Schneider, Sergio | pt_BR |
dc.contributor.author | Escher, Fabiano | pt_BR |
dc.date.accessioned | 2017-08-03T02:39:52Z | pt_BR |
dc.date.issued | 2016 | pt_BR |
dc.identifier.uri | http://hdl.handle.net/10183/164710 | pt_BR |
dc.description.abstract | Depois da eclosão da crise financeira de 2008, fatos recentes da economia política internacio-nal parecem revelar a possibilidade de estar-se assistindo a gestação de uma nova ordem mun-dial, em que alguns países – em especial os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul) – vão gradualmente deixando para trás a sua condição periférica e começam a jogar um papel relevante na dinâmica do capitalismo globalizado. A ascensão da China ao status de grande potência traz enormes impactos e repercussões ainda desconhecidas sobre a ordem econômica e política contemporânea. E frente a sua trajetória nos últimos anos, o Brasil tem sido visto como uma potência emergente. No entanto, ainda são escassas as pesquisas na área de agricultura, alimentação e desenvolvimento rural nos BRICS. E particularmente no Brasil não se sabe quase nada sobre esta temática na China. Com o objetivo geral de analisar com-parativamente as “dinâmicas de desenvolvimento rural” emergentes no Brasil e na China mediante as distintas formas de inserção dos seus “sistemas agroalimentares” no “regime ali-mentar internacional”, este trabalho visa preencher parte dessa lacuna. A investigação é inspi-rada na tese da “grande transformação” de Karl Polanyi, sobre a ascensão e queda da “civili-zação liberal novecentista” organizada em torno de um sistema de mercados autorregulado. Estaríamos vivendo algo análogo na época atual, com reflexos na agricultura e na alimen-tação. Neste sentido, é fundamental a noção de “duplo movimento” do autor. De um lado, um movimento hegemônico, representado pela liberalização dos mercados agrícolas nacionais e a globalização dos sistemas agroalimentares sob o comando das grandes corporações transna-cionais do agronegócio, da indústria de alimentos e das grandes redes varejistas. De outro lado, um movimento contra-hegemônico, representado pelas novas dinâmicas desenvolvimen-to rural emergentes, envolvendo o realinhamento da agricultura na natureza e na sociedade para criar novas bases para a produção, distribuição e consumo de alimentos, enquanto uma expressão de resistência, resiliência e autonomia dos camponeses e agricultores familiares. A hipótese de pesquisa é que as novas dinâmicas de desenvolvimento rural emergentes na China e no Brasil são parte de um “contramovimento”. Elas emergem simultaneamente, numa mes-ma época histórica e em realidades tão distintas, porque representam respostas à questão agro-alimentar num contexto de crise da globalização neoliberal. Metodologicamente, o trabalho é caracterizado como uma “análise institucional comparativa”. Trata-se de um estudo de grande amplitude temática, teórica e histórica, que através da combinação da análise institucional e do método comparativo busca compreender os contextos, os mecanismos e os resultados des-tes fenômenos. Entre as principais conclusões da tese, destacam-se três. Em primeiro lugar, as trajetórias recentes da China e do Brasil estão relacionadas a uma série de mudanças institu-cionais que implicaram na reconfiguração das suas estruturas de classe, trazendo alterações nas correlações de forças entre os projetos políticos que disputam os destinos de cada país e possíveis desdobramentos na construção de uma nova ordem econômica e política mundial. Em segundo lugar, a formação do “complexo soja-carnes” Brasil-China encapsula de várias maneiras as mudanças em curso nos seus sistemas agroalimentares e é emblemática de um processo mais amplo de reestruturação policêntrica da dinâmica do regime alimentar inter-nacional; mas também gera contestações, ligadas, sobretudo, aos crescentes escândalos alimentares na China e ao uso abusivo de agrotóxicos no Brasil. E em terceiro lugar, as dinâ-micas de desenvolvimento rural têm propiciado novos circuitos de reprodução da agricultura e de oferta e demanda de alimentos, envolvendo as práticas técnico-produtivas e organizacio-nais de agricultores familiares e camponeses, os interesses formulados como ideias pelos intelectuais e adotados como políticas públicas pelo estado e os processos de luta política e construção de “novos mercados imersos” conectando produção e consumo de alimentos. | pt_BR |
dc.description.abstract | After the outbreak of the 2008 financial crisis, recent events of international political econo-my seem to reveal the possibility of being watched the gestation of a new world order, where some countries – especially the BRICS (Brazil, Russia, India, China, South Africa) – are gra-dually leaving behind its peripheral condition and beginning to play an important role in the dynamics of global capitalism. China’s rise to the status of a great power brings enormous impacts and and yet unknown repercussions on the contemporary economic and political order. And given its trajectory the recent years, Brazil has been seen as an emerging power. However, there is still scarce research on agriculture, food and rural development in the BRICS. And particularly in Brazil almost nothing is known about these topics in China. With the general objecttive of comparatively analyzing the “rural development dynamics” emer-ging in Brazil and China through the different forms of insertion of their “agri-food systems” in the “international food regime”, this work aims to fill part of this gap. The research is inspi-red by Karl Polanyi’s “great transformation” thesis on the rise and fall of the “nineteenth libe-ral civilization”, organized around a system of self-regulated markets. We are supposed to be living something similar at the present time, with consequences on agriculture and food. In this sense, it is fundamental the author’s notion of “double movement”. On the one hand, a hegemonic movement, represented by the liberalization of national agricultural markets and globalization of agri-food systems, under the control of transnational agribusiness corporations, the food industry and large retailers. On the other hand, a counter-hegemonic movement, represented by the newly emerging rural development dynamics, involving the realignment of agriculture in nature and society to create new foundations for food production, distribution and consumption as an expression of strength, resilience and autonomy of peasants and family farmers. The research hypothesis is that the new rural development dynamics emerging in China and Brazil are part of a “countermovement”. They appear simultaneously, in the same historical epoch and in such different realities, because they represent responses to the agri-food question in a context of crisis of neoliberal global-ization. Methodologically, the work is characterized as a “comparative institutional analysis”. It is a study of large thematic, theoretical and historical amplitude, which by combining institutional analysis and comparative method seeks to understand the contexts, mechanisms and results of these phenomena. Among the main conclusions of the thesis, three stand out. First, the recent trajectory of China and Brazil are related to a series of institutional changes that resulted in the reconfiguration of their class structures, bringing changes in the correlation of forces between the political projects competing for the destinies of each country and possible deployments on the construction of a new economic and political world order. Second, the formation of the Brazil-China “soy-meat complex” encapsulates in many ways the ongoing changes in their agrifood systems and it is emblematic of a broader process of polycentric restructuring of the international food regime dynamics, but also creates contesta-tions, above all, linked to rising food scandals in China and the abusive use of agrochemicals in Brazil. And third, rural development dynamics have been driving new reproduction circuits for farming and food supply and demand, involving technical-productive and organizational practices of family farmers and peasants, interests formulated as ideas by the intellectual and adopted as public policies by the state, and processes of political struggle and construction of “new, nested markets” connecting production and consumption of food. | en |
dc.format.mimetype | application/pdf | |
dc.language.iso | por | pt_BR |
dc.rights | Open Access | en |
dc.subject | Brazil | en |
dc.subject | Agricultura | pt_BR |
dc.subject | Rural development | en |
dc.subject | Desenvolvimento rural | pt_BR |
dc.subject | Agrifood system | en |
dc.subject | Sistema agroalimentar | pt_BR |
dc.subject | Brasil | pt_BR |
dc.subject | China | pt_BR |
dc.title | Agricultura, alimentação e desenvolvimento rural : uma análise institucional comparativa de Brasil e China | pt_BR |
dc.type | Tese | pt_BR |
dc.contributor.advisor-co | Jingzhong, Ye | pt_BR |
dc.identifier.nrb | 001027772 | pt_BR |
dc.degree.grantor | Universidade Federal do Rio Grande do Sul | pt_BR |
dc.degree.department | Faculdade de Ciências Econômicas | pt_BR |
dc.degree.program | Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural | pt_BR |
dc.degree.local | Porto Alegre, BR-RS | pt_BR |
dc.degree.date | 2016 | pt_BR |
dc.degree.level | doutorado | pt_BR |
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