A construção do conceito de inovação didática à luz da teoria antropológica do didático : um ensaio teórico
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Data
2021Orientador
Co-orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Assunto
Resumo
O uso cotidiano do termo “inovação” costuma ser associado ao lançamento de novos produtos ou serviços que proporcionam soluções para necessidades percebidas, ou a serem fomentadas em campanhas de marketing, para os mais diversos problemas. No âmbito educacional, essa concepção pode se traduzir na busca por inovações didáticas, de caráter essencialmente técnico, que supostamente solucionarão os problemas de ensino-aprendizagem com pouca ou nenhuma dependência do contexto onde ocorrem. A partir d ...
O uso cotidiano do termo “inovação” costuma ser associado ao lançamento de novos produtos ou serviços que proporcionam soluções para necessidades percebidas, ou a serem fomentadas em campanhas de marketing, para os mais diversos problemas. No âmbito educacional, essa concepção pode se traduzir na busca por inovações didáticas, de caráter essencialmente técnico, que supostamente solucionarão os problemas de ensino-aprendizagem com pouca ou nenhuma dependência do contexto onde ocorrem. A partir da constatação de que a própria razão de ser da educação, e como promovê-la, está longe de ser consensual, uma visão tecnicista da melhoria das ações didáticas tende a contribuir mais para a abertura de demandas em um “novo” nicho de mercado do que auxiliar na formação das pessoas. Igualmente, concepções de inovações como produtos, ou entes abstratos sem compromisso efetivo com a prática, inibem compreensões mais aprofundadas sobre, e para, seu uso efetivo em sala de aula. Buscamos com esta dissertação realizar um aprofundamento teórico em relação à conceitualização de inovação didática, assim como viabilizar formas de operacionalizar esse conceito. Mais especificamente, desenvolvemos a construção de uma proposta teórica que permita distinguir em que medida algo pode, ou não, se apresentar como uma inovação didática, destacando as suas especificidades educacionais e suas relações com diferentes contextos. Tomamos a Teoria Antropológica do Didático (TAD) como uma possibilidade para iniciar discussões que permitam elucidar mecanismos do fenômeno do estudo, posto que essa teoria propicia realizar análises, a partir de seus construtos (e.g., relações, posições, instituições e praxeologias), sobre as influências da alteração ou inserção de um novo elemento em atividades de ensino e aprendizagem. No entanto, desenvolvimentos e desdobramentos da TAD sobre teorizações acerca de inovações didáticas são incipientes. Ao encontro disso, a Teoria de Difusão de Inovações (TDI), que tem sido utilizada para investigar modificações nas práticas docentes, oferece uma perspectiva sobre inovações, apresentando uma conceitualização mais geral sobre elas, sem adentrar em particularidades das inovações didáticas. Realizamos uma articulação teórica, sob a forma de uma releitura conceitual, entre a TAD e a TDI para caracterizar, analisar e explorar as inovações didáticas. Dessa articulação, compreendemos que inovação didática é um tipo de tarefa, uma técnica, tecnologia, teoria, ou um conjunto desses elementos (praxeologia), julgado(a) racionalmente por uma instância como novo(a) em comparação ao já estabelecido em uma instituição em análise, e capaz de auxiliar alguém, na referida instituição, a estabelecer ou modificar relações, com objetos de estudo, entendidas pela instância julgadora como desejáveis. Com a conceitualização que propomos esperamos contribuir com desdobramentos da TAD, situando antropológica e institucionalmente as inovações didáticas, ensejando amparar a elaboração de um referencial teórico para estudo desses entes. De forma complementar, apontamos possíveis implicações para a pesquisa em ensino, a exemplo da compreensão do grau em que uma inovação pode ou não ser caracterizada como didática, e das complexidades inerentes aos fenômenos de adoção e difusão desse tipo de inovação. ...
Abstract
The daily use of the term “innovation” is usually associated with the release of new products or services that provide solutions for perceived needs, or to be promoted in marketing campaigns, for a wide range of problems. In the educational scope, this concept can be translated into the search for didactic innovation, of an essentially technical character, which will supposedly solve teaching-learning problems with little or no dependence on the context in which they occur. From the observation ...
The daily use of the term “innovation” is usually associated with the release of new products or services that provide solutions for perceived needs, or to be promoted in marketing campaigns, for a wide range of problems. In the educational scope, this concept can be translated into the search for didactic innovation, of an essentially technical character, which will supposedly solve teaching-learning problems with little or no dependence on the context in which they occur. From the observation that the very raison d’être of education, and how to promote it, is far from being consensual, a technical vision of the improvement of didactic actions tends to contribute more to the opening of demands in a “new” niche of market than helping to educate people. In the same way, conceptions of innovations as products, or abstract entities without an effective commitment to practice, inhibit deeper understandings of, and for, their effective use in the classroom. In this work, we seek to carry out a theoretical deepening in relation to the conceptualization of didactic innovation, as well as to enable ways to operationalize this concept. More specifically, we developed the construction of a theoretical proposal that allows us to distinguish to what extent something may or may not present itself as a didactic innovation, highlighting its educational specificities and its relationships with different contexts. We take the Anthropological Theory of the Didactic (ATD) as a possibility to initiate discussions that grants us to elucidate the mechanisms of the phenomenon of study, since this theory propitiates to accomplish analysis, based on its constructs (e.g., relations, positions, institutions and praxeologies), on the influences of alteration or insertion of a new element in teaching and learning activities. However, ATD’s developments and unfoldings on theorizations about didactic innovations are incipient. In face of this, the Diffusion of Innovations Theory (DIT), which has been used to investigated changes in teaching practices, offers a perspective on innovations, presenting a more general conceptualization about them, without entering into the particularities of didactic innovations. We performed a theoretical articulation, in the form of a conceptual reframing, between ATD and DIT to characterize, analyze and explore didactic innovations. Therefrom, we understand that didactic innovation is a type of task, technique, technology, theory, or a set of these elements (praxeology), rationally judged by an instance as new compared to what has already been established in an institution under analysis, and capable of helping someone, in that institution, to establish or modify relationships, with objects of study, understood by the judging instance as desirable. With the conceptualization that we propose, we hope to contribute to ATD developments, anthropologically and institutionally situating the didactic innovations, providing the opportunity to support the elaboration of a theoretical framework for the study of these entities. Complementarily, we point out possible implications for research in education, such as understanding the degree to which an innovation may or may not be characterized as didactic, and the complexities inherent in the phenomena of adoption and diffusion of this type of innovation. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Física. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física.
Coleções
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