Vacinação contra COVID-19 : adesão à imunização e eventos adversos em trabalhadores de saúde de um hospital universitário

Abstract

Introdução: a imunização foi a estratégia mais eficaz no controle da COVID-19. A adesão dos trabalhadores de saúde à vacinação no período pandêmico foi fundamental para a manutenção da linha de frente durante a maior crise sanitária brasileira. Além disso, os efeitos dos diferentes tipos de vacinação disponíveis também puderam ser experimentados em primeira mão por esses trabalhadores, o que reforça seu lugar de destaque no enfrentamento da pandemia e de todas as suas contingências. Objetivo: Identificar a adesão à imunização e prevalência dos eventos adversos decorrentes da vacinação contra a COVID-19 entre os trabalhadores de um Hospital Universitário e a associação com os imunizantes e as doses utilizadas no esquema vacinal. Método: Estudo longitudinal de incidência documental com dados de 5.437 trabalhadores de saúde com esquema vacinal contra o SARS-COV-2 no período entre janeiro/2021 a dezembro/2023 no Serviço de Medicina Ocupacional de um Hospital Universitário do sul do país. Os dados foram extraídos de planilhas institucionais com os dados da vacinação e submetidos ao teste de qui-quadrado de Pearson para verificar a relevância estatística das associações entre cada tipo de vacina e os eventos adversos pós-vacinação apresentados. Os intervalos de confiança foram calculados considerando nível de confiança de 95%, pelo método de Fisher. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição. Para subsidiar a análise longitudinal de incidência, também foi realizada uma revisão sistemática da literatura nas bases de dados PubMed, LiLacs, Embase, SciELO, a fim de identificar os fatores relacionados à adesão dos trabalhadores de saúde à campanha de vacinação contra a COVID-19 em publicações científicas. Resultado: A revisão da literatura evidenciou que as taxas de adesão variaram de 21% e 95%. As preocupações com segurança e eficácia, desinformação e questões logísticas foram identificadas como principais motivadores para a não adesão vacinal entre os profissionais de saúde. Na análise longitudinal de incidência encontrou-se uma adesão de 92,71% dos trabalhadores do hospital universitário na 1º dose, decaindo para 58,55% na 4º dose, predominaram as mulheres, de faixa etária entre 41 a 49 anos. Os enfermeiros e técnicos de enfermagem apresentaram mais eventos adversos como mal-estar, fadiga, mialgia e cefaleia após a vacinação (p <0,05). Os resultados indicam uma diferença estatisticamente significativa entre os imunizantes em relação aos eventos adversos pós-vacinação (p < 0,001). Conclusão: Os achados apontam para a importância de estratégias de comunicação e educação, para promover uma maior confiança no seguimento das diferentes doses preconizadas, bem como a divulgação das baixas prevalência de eventos adversos pós-vacinação.

Introduction: Immunization has been the most effective strategy in controlling COVID-19. The adherence of health workers to vaccination during the pandemic was crucial for maintaining the frontline during Brazil's greatest health crisis. Additionally, health workers experienced the effects of different types of vaccines firsthand, highlighting their significant role in tackling the pandemic and its contingencies. Objective: To identify the adherence to immunization and prevalence of adverse events resulting from COVID-19 vaccination among workers at a University Hospital, and the association with the vaccines and doses used in the vaccination schedule. Method: A longitudinal documentary incidence study with data from 5,437 health workers vaccinated against SARS-COV-2 from January 2021 to December 2023 at the Occupational Medicine Service of a University Hospital in southern Brazil. Data were extracted from institutional spreadsheets and subjected to Pearson's chi-square test to verify the statistical significance of associations between each type of vaccine and the post-vaccination adverse events. Confidence intervals were calculated with a 95% confidence level using Fisher's method. The study was approved by the institution's Research Ethics Committee. A systematic literature review was also conducted on databases PubMed, LiLacs, Embase, SciELO, to identify factors related to health workers' adherence to the COVID-19 vaccination campaign in scientific publications. Results: The literature review showed that adherence rates ranged from 21% to 95%. Concerns about safety and efficacy, misinformation, and logistical issues were identified as main reasons for non-adherence among health professionals. The longitudinal incidence analysis found 92.71% adherence among university hospital workers for the first dose, dropping to 58.55% for the fourth dose, predominantly among women aged 41 to 49 years. Nurses and nursing technicians reported more adverse events such as malaise, fatigue, myalgia, and headache after vaccination (p <0.05). The results indicate a statistically significant difference between the vaccines regarding post-vaccination adverse events (p < 0.001). Conclusion: The findings underscore the importance of communication and education strategies to promote greater confidence in following the recommended doses, as well as disseminating the low prevalence of post-vaccination adverse events.